Pela primeira vez na história deste blog vou fazer um comentário a um tema da actualidade em Portugal : o casamento entre homossexuais.
Estava a ler alguns cabeçalhos quando me deparo com esta noticia ...
http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1463241
http://www.publico.pt/Política/ps-impoe-disciplina-de-voto-contra-a-adopcao-por-casais-gay_1416574
" José Sócrates impediu hoje o grupo parlamentar do PS de votar livremente os projectos do BE e do PEV sobre casamento entre pessoas do mesmo sexo. A imposição da disciplina de voto ocorreu num almoço que, na residência oficial de São Bento, juntou o líder do PS, o presidente da bancada parlamentar, Francisco Assis, e os seus vice-presidentes.
Sócrates, que invocou a unidade do partido, permite apenas algumas excepções (como Miguel Vale de Almeida, deputado independente e activista gay), atribuindo a Francisco Assis a tarefa de gerir essas excepções.
Os projectos do BE e do PEV admitem que os casais do mesmo sexo possam também adoptar crianças, direito que a proposta do Governo expressamente proíbe. Já cerca de uma dezena de deputados socialistas tinham declarados querer votar a favor desse projecto.
A bancada socialista reunirá hoje à noite para discutir o assunto. A votação na generalidade dos vários projectos está marcada para sexta-feira, no plenário. "
Há já algum tempo ( felizmente ) que a palavra votar implica a ideia de liberdade. São realidades que devem estar juntas e deve-se lutar para que a palavra de cada um seja tão importante como a de qualquer outro. Especialmente em questões politicas nunca se deve esqueçer por aquilo que tanto lutámos. São apenas palavras eu sei, mas desta vez, gostava que fossem a nossa realidade.
Cada um sabe e deve saber pensar por si. Acho que o artigo é claramente explicito para que tiremos as nossas conclusões. Mas como é necessário " coerência e unidade ", defende o senhor Sócrates deixemos então a liberdade de escolha e de voto posta de parte.
Deixa-me perplexa como isto é possivel de acontecer.
Não lidamos com um tema particularmente fácil, mas será o silêncio a solução ?
Relativamente ao casamento entre pessoas do mesmo sexo apenas uma nota. A realidade juridica neste momento, na minha opinião é claramente inconstitucional nos termos do art.13º da nossa CRP. Muita discussão em torno deste tema.. mas na minha opinião tudo se reduz a uma confusão clara entre a dimensão religiosa e jurídica. São ordens que NUNCA se devem confundir, e choca-me como as pessoas não entendam isso ( especialmente alunos de Direito) . Na realidade não há argumento juridico que me desperte particular atenção para a proibição desta possibilidade. Mas de novo, cada um é livre de formar o seu juízo.
Muitos dirão que concordam com o casamento desde que não inclua a adopção. Na minha opinião, é uma ideia ambiciosa dado que o casamento tem como um dos seus principais efeitos a possibilidade de adopção. Estou curiosa por ler a proposta que o PSD irá apresentar ( defendem que conseguem "abolir" a adopção em relação a todos os casais gays, apenas não percebi se com o instituto do casamento ou com outro novo - se for este o caso, parece-me novamente estarmos perante a violação do mesmo artigo numa situação de discriminação indiferenciada =S ). Parece-me uma ideia interessante, mas no entanto, continuo sem entender a razão de distinção entre um casal hetero e um casal homossexual. Em relação a esta posição, penso que tudo se reconduz a uma sociedade cheia de preconceitos e tabús.
Qualquer sociedade mais ou menos desenvolvida além de permitir o casamento entre homossexuais, permite também a adopção. E aliás se prestarem atenção aos argumentos de quem defende esta ideia, irão constatar que apenas se ouve uma razão : a exclusão da criança.
Mas mais uma vez insisto na ideia de como a mentalidade religiosa e retrogada da nossa sociedade demarca-se de muitos outros paises provavelmente tão desenvolvidos como nós. Desilude-me que cada vez mais e mais fiquemos para trás..
Mas agora prestem atenção: se fizerem uma análise, depressa chegam à conclusão que a maioria dos países onde o casamento entre homossexuais não é permitido é fortemente influenciado pela religião.
Falo por mim, mas eu cá desejo um pais mais livre, menos preconceitoso e mais evolutivo.
"Sim" ao casamento entre homossexuais.
"Sim" à liberdade de expressão e de escolha no Parlamento.
E pff, não banalizem o instrumento do " referendo ". Na minha opinião quem defende que se recorra ao referendo fá-lo com inteligência, pois bem sabem que a resposta claramente vai ser um não ! Reparem que poucos são os que defendem um referendo que seja a favor da legalização dos casamentos homossexuais. Além de que isto não irá resolver a longo prazo a situação....
Gostaria de desenvolver mais o tema, mas o tempo esgota-se e tenho um exame por fazer : ) !
quarta-feira, 6 de janeiro de 2010
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